quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Poema para um amor de sarjeta. (28/01/2015)


E eu só lhe queria assim, louca e febril. Despida de santidade, mostrando suas costas estreitas e acidentadas. Eu só lhe queria assim, doida de alguma droga desconhecida, algo que nos enchesse de medo e curiosidade. Fugir do palpável pela longa estrada de ferro abandonada em meio ao caos... Tropeçando em velhos dormentes, tomados pelo cansaço até finalmente nos percebermos fugindo de nós mesmos, rodando em círculos.

A todo vapor em rota de colisão com qualquer alegoria infantil, só lhe queria distante o suficiente para não me reconhecer em você. Voar as cegas como um volteador principiante em um profundo mergulho ao tarde demais... Louco e irresponsável... Vagabundo e imoral. Eu só lhe queria assim, nua, rabiscando as paredes da minha insensatez, demolindo os umbrais da minha arrogância.

Queria-lhe através da madrugada aos berros, acordando as pessoas de seus sonhos parcelados, de futuros batidos. Queria-lhe no banheiro da próxima estação. Queria-lhe inalcançável, vigiando-te doente detrás de qualquer balcão mal iluminado. Queria-lhe em meus olhos por horas ao som de Tom Waits... Queria-lhe dançando sem fim, namorando-se em qualquer espelho manchado pelo tempo... Rodando no sentido anti-horário do firmamento.

Aassim... Assim...

Assim.

...

Nenhum comentário:

Postar um comentário