quarta-feira, 2 de julho de 2014

Como é Doce o Suicídio (02/07/2014)





Deus... Como é doce o suicídio. O suicídio dos amantes e dos amores que falam sem parar ao invés de transar... Ao invés de meter, oras... Fala-se, fala-se, fala-se... Enquanto o mantra entoado deveria ser mete, mete, mete...  Eunice queria estar metendo loucamente com Urbano. Mas ela só consegue pensar nas contas que ele bebeu. Então ela trepa comigo. Eu bebo as contas também, mas enxugo as minhas e não as da casa dela, da escola da filha pré-adolescente. Eunice não conversa comigo, que bom. Ela simplesmente chega ao meu pulgueiro com esse sorriso débil, como se estivesse tudo bem, como se ela estivesse se divertindo. Ela não está... Não dou prazer a ela, nem quero... Aliás, ela também não quer. Ela só quer esquecer que está morta por dentro, mas quando inundo seu útero de porra, ela se lembra o quão miseráveis somos todos nós. E pensa no sorriso de Urbano no altar e no biquinho sarcástico que seu pai ostentava, pálido e gélido no caixão de aglomerado. Então ela se levanta e meu sêmen lhe mela as pernas coxas abaixo. Eunice mau se dá ao trabalho de limpar-se. Veste a calcinha cinza junto com sua calça jeans, beija-me os lábios com a frieza de um bom dia e para mim é um alívio ver aquele traseiro indo embora.

Como é excitante o desespero dos ninfomaníacos... A frustração que o prazer banalizado pelo vício proporciona. Estou sozinho novamente sentado nessa velha cadeira de madeira, minhas pernas abertas e relaxadas. Unhas dos pés compridas e meu membro flácido, encolhido e melado me fazem pensar que estou fora de controle. O quarto cheira sexo, o perfume promíscuo que adoça minhas intermináveis tardes. Vou até o banheiro e mijo litros de vinho, de água, de café. Um pequeno ardor na base do canal da uretra e pingando pelos azulejos vou até a banheira. A água ainda está relativamente morna. Alcanço o maço de cigarros perto da torneira e ao sacar um para fora deixo o isqueiro cair na água. Merda! Guardo o cigarro atrás da orelha e ouço alguém batendo na porta. Uma voz rouca e anasalada pergunta se não quero uma trepada por setenta reais. Essa é a puta que mora no quarto ao lado. Cassandra é viciada em cocaína. Peço para que entre:

- Ta na banheira amore?
- Como sempre.
- O que vai ser hoje?
- Uma chupeta só... Não tenho grana, mas tem pó na segunda gaveta da cabeceira.
- Seu filho da puta.
- Cala boca, eu sei que é isso que você quer. Tem isqueiro? Acende aqui pra mim.
- Toma. O que você tem naquela sacola ali na mesa?
- Uma garrafa de vinho.
- Posso abrir?
- Só se me servir um copo.
- Demorou.


Saio da banheira e me enrolo na toalha fedendo a cachorro molhado. Pego o copo de vinho com Cass e me deito na cama de lençóis amarfanhados. Fumando e bebendo enquanto ganho uma chupada. Habilidosamente domina a situação com a boca no meu pau e os olhos  na segunda gaveta. Isso é estar vivo no século XXI.

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