terça-feira, 24 de junho de 2014

Não há terra prometida - 14/08/2011 - 3:20




Apenas mais uma barriga flácida, velha e mal iluminada pela lâmpada amarela do banheiro. Imagem que não cabe no espelho manchado.
Nem sombra do garoto brilhante que todos achavam que seria veado... Só lhe sobrou uma garagem mofada, um banheiro cheirando a virilha e uma renda mixa que teimava em pingar todos os meses como torneira espanada. O mundo lá fora era a perfeita cópia do intervalo da novela... Melhor que ficasse sem som mesmo. O tempo passava e a aranha tecia, as formigas perfilavam-se e o cigarro nem sequer queimava por inteiro.
E ele assobiava e ele escrevia e ele gritava... E suas mãos tremiam e o café esfriava e as baratas sorriam para as sobras das inúmeras madrugadas. E ele rimava e ele rimava e ele rimava. E ele imitava e ele sorvia e ele errava...

Ah como ele errava...



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