segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Observador - 31-05-04


São cinco horas. Através de opacas lacunas elípticas, a beleza cinzenta de junho invade o casulo vazio e traz consigo lembranças que desconheço mas que de alguma forma me confortam.

Por que será que essa garoa fina insiste em procurar um solo que já não reside aqui a tantas décadas? Eu sei que você tem essa resposta... Aliás, você possui todas as respostas... só não quer compartilhá-las comigo. Continua afirmando não saber... assim como os outros...

Já são seis horas... o cinza começa a morrer, de forma lenta, definhando no silêncio ensurdecedor do invólucro. Ainda não consigo decifrar os seus olhos... tem alguma coisa neles... Daqui eu não enxergo... Talvez eu precise chegar um pouco mais perto... Mas como? Diga-me como?! Só você pode me dizer isso...
Passam das seis e vinte... Uma massa de ar cortante e seca me presenteia com a morte da paisagem vespertina. Ainda há uma tentativa de resgatar às horas não há? Já me bastaria, saber que pelo menos por um único segundo, passou pelas suas idéias compreender meu lado passional.

Finalmente são oito em ponto. Estou no meio da multidão... Ouço às vozes, às buzinas, os ruídos dos sapatos na calçada e as portas batendo... Estou paralisado... Sem ação... Às noites para os que habitam o casulo, parecem eternas...


Permaneço acordado...
Estou sozinho...

De novo.

...

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